terça-feira, 9 de abril de 2013

A Cultura popular, o cotidiano e a memória contido nos filmes de Mazzaropi


DIAULAS DOS SANTOS NAVARRO – R.A 93852
               
                       PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA CULTURAL
             
                                                   th




               MAZZAROPI – MEMÓRIA, COTIDIANO E CULTURA
                                                 POPULAR                         
                  Orientador: Professora: ALEXANDRA TEDESCO
                  “Universidade Gama Filho






                                                        SÃO PAULO
                                                             2013


            MAZZAROPI – MEMÓRIA, COTIDIANO E CULTURA POPULAR
                                       Resumo
Amacio Mazzaropi e sua filmografia (32 filmes, sendo 28 produções independentes) – Paulistano de Santa Cecília, deixou um acervo bastante interessante para ser pesquisado. São 30 anos de história, cotidiano e cultura popular do povo brasileiro, contidos em suas películas. Além disso, nessa época o Brasil passava por uma imensa transformação social. O contexto histórico de seus filmes inicia-se com a industrialização da economia brasileira e termina já no inicio da redemocratização do país. Seus filmes fizeram muito sucesso junto à classe popular devido ao fato delas se verem retratadas nos seus filmes. Tudo isso foi captado pela genialidade de Mazzaropi, o cotidiano, a memória e a valorização da cultura popular.
Neste texto procurarei mostrar que seus filmes focalizavam a representação da cultura popular, nesse espaço de tempo em que foram produzidos. O objetivo desse artigo acadêmico é resgatar uma época de transformação de nossa sociedade, onde os valores culturais da nossa sociedade se firmaram em busca ao mesmo tempo de uma modernidade, mas tentando manter os valores anteriores.

Palavras – chave: Cotidiano, cultura, popular, arte.







                                                        

                            
                                       Introdução

O cinema sempre foi visto pelos estudiosos e apaixonados pela História, como uma fonte não confiável para pesquisa. Isso acontecia, pois consideravam que os produtores estavam muito mais preocupados com a emoção do que com a “verdade” histórica. Segundo Adorno e Horkheimer, citado por FRESSATO, (1980, p.119)

“os filmes e todas as produções da indústria cultural são marcadas pelo lugar comum, pela banalização, pela vulgarização, muito além da simplicidade. “São fáceis de serem consumidas por explorarem a emoção da classe média e o senso comum médio das grandes massas”.
Mas já há algum tempo, os professores tem utilizado os filmes com frequência nas salas de aula. Isso ocorre por dois motivos: aumentar o interesse dos alunos pelos fatos históricos e pelo reconhecimento que a ‘verdade’ histórica é relativa.

De acordo com Nóvoa (2009,pg.156):
“Trazer filmes, textos ficcionais e outros produtos artísticos para a cena da Pesquisa e do Ensino de história, portanto, é fazê-los dialogarem com o trabalho dos historiadores, ao invés de tratá-los como parceiros menores e ignorantes, a serem corrigidos pela ciência. E descobrir que muitas são as vozes com direito á fala reflexiva (no plano conceito ou no plano do sensível) sobre a história. Uma delas é a voz dos filmes”.
Com exceção dos documentários, o cinema reproduz o processo surreal da história. Mas para alguns historiadores, o filme sendo ficção ou realidade é um documento histórico de muita importância, principalmente os documentários.As relações existentes entre o cinema e a história foram formalmente explicitadas na década de 70 no estudo de Marc Ferro, o historiador francês autor de “Cinema e História”. Argumenta que desde o surgimento do cinema, este mantinha um dialogo com a História. Walter Benjamin também alega que os filmes épicos resgatam períodos de história da humanidade. (BRAGA, 2012)”
Desde a Primeira Guerra, as pessoas conheceram os horrores da guerra através do cinema. O cinema funciona como um depoimento tendo a imagem como testemunha do que está sendo relatado.
 Se ela traduz a verdade absoluta ou uma mentira, isso é relativo, como a própria história já provou, nenhuma fonte é totalmente confiável. Dependemos sempre da ideologia, religião, formação cultural e classe social individual de cada pessoa envolvida na interpretação e produção da História. Embora os fatos sejam únicos, a interpretação é diversa. “É que os exploradores do passado não são homens completamente livres. O passado é seu tirano. Proíbe-lhes conhecer de si qualquer coisa a não ser o que ele mesmo lhes fornece.” (BLOCH, Marc, 1997, pg. 75)
Mas tão importante quanto á trama do filme para a História, são a memória, os costumes, o cotidiano e a arte popular contido em determinadas películas. Os filmes de Amâncio Mazzaropi são um exemplo muito claro de tudo isso. Uma filmografia de trinta anos (1952-1982), atravessando por um Brasil efervescente; de golpe militar, industrialização, mudanças de paradigmas, êxodo rural e transformações sociais e econômicas. Sua produção cinematográfica, apesar de sua simplicidade (e talvez por isso), tratam do cotidiano, memória e cultura popular das áreas rurais e suburbanas. Seus filmes têm o cheiro do campo, das fazendas, dos trens, dos cortiços, do trabalhador rural e do operário suburbano, das musicas de sucesso da época, do sertanejo e da arte popular. Além disso, a memória contida em seus filmes resgatam a moda desse tempo, os principais edifícios de São Paulo e pontos de interesse como Santos, estação da Luz, Anhangabaú, Baia da Guanabara e outros locais de épocas passadas. A memória pode ser considerada a matéria prima do historiador. É uma construção psíquico-intelectual que ocasiona uma representação seletiva do passado, que nunca é somente aquela do indivíduo, mas de um indivíduo inserido num contexto familiar, nacional e social.
Na arte popular, Mazzaropi aborda a arte circense, o futebol, a música popular, as festas tradicionais e o folclore. O cotidiano do vendedor ambulante, do motorista de taxi, do servente de escola, do roceiro sem esperança, do torcedor de futebol, do tocador de realejo, dos primeiros laçadores de cães de rua, do herói por acaso, explorado pelo político e outros tanto personagens do povo, representado pelo comediante.                                                                                                               

Seus filmes vistos pelo ângulo da História cultural é um acervo que não pode ser desprezado. São trinta e dois filmes que abrange vários aspectos dos costumes, cultura, memória e arte popular. Peter Burke questiona a classificação e separação da cultura popular da erudita. Alega que até recentemente a cultura era uma só, as elites só deixaram de participar da cultura popular nos meados do século XVII (2005, pg.40-42) Mas a separação é cada vez mais inevitável, pois o acesso da população mais pobre a arte erudita e clássica fica cada vez mais restrito, devido ao poder aquisitivo e principalmente a própria raiz cultural de cada um.
Mazzaropi
Para que possamos compreender contextualmente a produção cinematográfica produzida por Mazzaropi e sua ligação com a arte popular é preciso conhecer um pouco de sua vida. Ele nunca se casou, mas deixou vários filhos adotivos. Nasceu em Santa Cecília, bairro tradicional da capital paulista. Pertencente á classe média, mas inquieto e criativo e com dom artístico, não gostava de estudar. Terminou o ginásio (ensino fundamental) e abandonou os estudos. Seu nome, Amacio Mazzaropi, foi herdado do avô, imigrante italiano, que vivia no campo, e que o fez criar gosto pelo meio rural, e que também o levou a criar o personagem Mazzaropi. Conforme depoimento de um de seus filhos adotivos, seu pai resolveu ser artista aos 16 anos, vendo os meninos jogar futebol na cidade de Sorocaba. E por que artista e não jogador de futebol? Jogava tão mal que os outros meninos não o deixavam participar.
Pressionado pela família para estudar, foge para Coritiba-Pr, onde morava seu tio Domingos Mazzaropi. Depois de um ano morando com seu tio falsifica sua identidade e vai embora com um circo, onde trabalha por seis anos. Depois disso é encaminhado ao Teatro Colombo (teatro dos italianos). Neste mesmo ano conhece uma dupla de comediantes caipiras, os Irmãos Sebastião e Genésio Arruda. Isso foi fundamental para a criação do seu mais famoso personagem: O Jeca, segundo Fressato, (2011, p.24-25) foi idealizado por Monteiro Lobato, só que como uma critica ao roceiro de São Paulo. Fez grande sucesso na Radio Nacional e Tupi do famoso Assis Chateaubriand. Foi para a TV Tupi em 1950 fazer o programa “Rancho Alegre”. Criou o “Pavilhão Mazzaropi”, que era uma associação de vários teatros que viajavam por cidades onde tinha estação de trem, uma vez que o pavilhão era conduzido em cima de um trem.                                                                                                                                
                                                                                                                     
Este pavilhão durou oito anos, até a morte de seu pai. No cinema produziu vinte e quatro filmes e participou de oito como empregado contratado.                                                                                                                                                                                                                              
                Ele começou a produzir seus filmes por ganhar muito pouco como empregado. Seu primeiro estúdio foi em Taubaté-SP, Fazenda Santa                                                                                                                                                                                            e depois o Estúdio Novo onde transformou em Hotel, O Pam Filmes Hotel, hoje Hotel-fazenda. Sua maior paixão sempre foi o circo. De seus filmes, seis deles são recordistas de público e o filme Jeca Macumbeiro é o maior recordista de público e renda do cinema nacional: 16.800.000 pessoas em quatro semanas de exibição. Já a película “Casinha Pequenina” de 1963 a 1983 foi visto por 93.867.000 pessoas, o equivalente a toda a população do país.
              “Apesar do sucesso entre a população, Mazzaropi em entrevista (1970) não escondia seu ressentimento pela falta de reconhecimento dos críticos, que não aceitavam seus filmes, mas enalteciam um cinema “enrolado, complicado e cheio de símbolos”, referindo-se ao Cinema Novo” (arte popular x arte erudita) (Fressato, 2011, p.64)
Diante de tudo isso, a crítica atual conclui que dentro das características de Mazzaropi, não existe até hoje, artista desse nível no Brasil. Mas o mais importante que suas obras estejam tão ligadas ao cotidiano e a arte popular brasileira. No cinema, no teatro, na televisão e na música, ele sempre valorizou a cultura das ruas e do povo. Talvez inconscientemente, ele já praticava e valorizava a História Cultural.
Os filmes
O seu primeiro filme, “Sai da Frente” – 1952 - Mostra o cotidiano de um trabalhador, pai de família, que vivia com muita dificuldade financeira, conduzindo um caminhão pequeno e velho para fazer carretos e pequenas mudanças. Contratado para levar uma pequena mudança para Santos acaba se envolvendo em várias confusões, reflexo de uma burocracia governamental e social dessa época. Esta produção realizada pela Vera Cruz, detalha a vida cotidiana das pessoas mais humildes, que não tinha nenhum tipo de assistência médica ou social, como médico, moradia ou bolsa-família. Em 1952, o Brasil ainda era um país de poucos, mesmo aqueles que conseguiam trabalho nas indústrias tinha baixa remuneração.                                                             
Grande parte da população urbana residia em cortiços e quando ficavam doentes, recorriam a remédios caseiros ou a algum médico caridoso que dedicava parte do seu tempo atendendo pessoas pobres.                                         
           Nas repartições públicas sempre tinha a foto de Getulio Vargas, atual Presidente da República em 1952 e era costume na época “dar um viva a Getulio” entre os getulistas. Os semáforos da época tinham um alarme sonoro que avisava a mudança de cor para os pedestres e motoristas.                                                                                   
As ruas de São Paulo eram de paralelepípedos ou de terra batida. As repartições públicas atendiam a população com pouco caso ou abuso de autoridade. O filme aborda um dos golpes mais antigos: O bilhete falso da loteria que foi premiado. Baseado nesse filme e em outros da época, percebe-se que a “malandragem” trocava apenas alguns sopapos quando ocorria alguma desavença, muito diferente do que ocorre nos dias de hoje. Como memória, temos o Monumento a Independência, no Bairro do Gonzaga em Santos, Viaduto do Chá e Praça Ramos de Azevedo, a Via Anchieta e o Teatro Municipal. O tema sobre a arte popular é o circo, onde Mazzaropi iniciou sua carreira artística.
Já no filme “Candinho” – 1953 - Registra o cotidiano do enteado rejeitado por seu pai adotivo, que vai embora do meio rural para a cidade grande tentar a sorte. O tema central é o choque cultural e social do “caipira” que ao chegar a uma cidade grande, encontra uma realidade que não é sua, como a malicia, a malandragem, a necessidade do dinheiro para poder sobreviver em uma terra de estranhos. Mas por outro lado, o filme mostra que o cotidiano pode ser modificado conforme Certeau (1994, pg.46) pressionado pela necessidade. O “caipira” com ajuda de um morador de rua aprende rapidamente a trabalhar como ambulante e “falso mendigo” È a astucia de sobrevivência que nos fala Michel de Certeau.  Mas nessa época era muito difícil para as mulheres. As que saiam de casa para vir para a cidade, conseguiam emprego apenas em boates, cabarés ou se prostituindo, isto é, se fossem bonitas. As memórias desse filme são o Jardim da Luz com os fotógrafos “lambe-lambe”, a dança caipira da Catira, a escola de Balé e alguns locais de São Paulo.
No filme “Zé do Periquito” – 1960 - é o que retrata muito bem o cotidiano do inicio dos anos 60, onde ele é servente em um colégio de classe média e os alunos vivem a perturbá-lo. Cansado da chacota de alguns alunos e por gostar de uma aluna secretamente, pede demissão e vai para uma cidade do litoral trabalhar de tocador de realejo.
Esse filme mostra várias situações do dia-a-dia das pessoas.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     Era comum em cidades pequenas, o povo ser transportado na carroceria de caminhões. Enterros, agremiações de várzea e torcedores, comícios políticos, festejo em outra cidade vizinha, tudo era feito por caminhões.                                                                                            
O filme mostra também que em pequenas cidades, havia muito interesse em saber da vida alheia. Mazzaropi ao “tirar a sorte” com o periquito e seu realejo, conhece uma moradora local que sabe da vida e dos segredos dos moradores da cidade. Essa mulher passa os segredos para ele, que começa a ganhar muito dinheiro com essas revelações. Mas por outro lado causa muita encrenca entre as autoridades, marido e mulher, padre e fiéis, comerciante e clientes por revelar os erros de cada um.
Nessa produção, temos, ainda muito jovem, a participação de Agnaldo Rayol, Hebe Camargo e alguns cantores da saudosa Jovem Guarda (Gianne e Bob di Carlo).
O filme mostra também que a escola dessa época era muito mais rígida quanto a disciplina, onde alunos eram expulsos por mau comportamento.
         No filme “Chico Fumaça” – 1958 - Têm o interior paulista e a capital como cenário. Um “caipira” salva um trem de descarrilar e acaba virando herói, já que nesta composição viajava um importante e rico candidato a governador.
Como fatos do cotidiano dessa época é enfocado a troca de dividas por animais, as tiradas políticas provando que o povo não era tão passivo diante da política como se imagina.
As casas do sertanejo pobre eram de taipa e barro (pau a pique). As maquinas fotográficas tinham o flash descartável, isto é, era uma espécie de lâmpada que se queimava após o acionamento do flash. Muitas cidades onde não havia energia elétrica eram servidas pelas famosas “Maria-fumaça”, locomotiva tracionada a vapor.
Mais uma vez é explorado o choque cultural do sertanejo que chega a uma cidade grande como o Rio de Janeiro. A simplicidade e ingenuidade do interior contrastando com a malícia, maldade e frieza da cidade grande.
A importância do radio, principalmente nas pequenas cidades, onde as rádios informavam, divertiam e ainda tinha um papel social nos serviços de utilidade publica, ao anunciar funerais, desaparecimento, vendas diversas, etc. A rádio nos anos 60 era tão importante como a Internet nos dias atuais.                                                                      
Como memória é exibida as noites cariocas e cantores como Cauby Peixoto, Mara Abrantes, Zezé Gonzaga.
“A Carrocinha” - 1955 aborda o problema dos cachorros abandonados na rua, que até nos dias de hoje é um problema enfrentado nas maiorias das cidades brasileiras. Este problema, como se sabe, já começou com os índios que sempre gostaram de criar animais domésticos em suas aldeias. O prefeito da cidade que odeia cachorros contrata Mazzaroppi para extermina-los.
Neste filme também tem como memória o tradicional carro de boi. Mostra um costume que ainda era comum naquela época que antes de se deitar, lavava apenas o pé. Um dos papéis principais é interpretado por Adoniram Barbosa, cantor, compositor e humorista que fez muito sucesso até 1982, quando faleceu. No filme também aparece o caminhão como transporte de pessoas. Nesse tempo, havia um ritual para pedir uma moça em namoro: falava-se escondido com a pretendente, procurava o pai dela e pedia licença para namorar. Quando o pai concedia, já avisava que tinha que ser um namoro curto, para evitar que a moça ficasse “falada”, só assim podia namorar e o local normalmente era na sala de estar vigiado por um irmão da donzela.
               “Casinha Pequenina” – 1963 - É um recorte da época da escravidão, mais precisamente a história ocorre em uma fazenda de propriedade de um “coronel” que tortura, castiga e maltrata seus escravos.
            O coronelismo, ainda vivido em algumas pequenas cidades do nordeste e centro-oeste é bem demonstrado nessa produção cinematográfica. Provavelmente as filmagens foram feitos em uma fazenda que no passado era cenário da vida escrava. No ponto mais alto do terreno, fica a Casa-grande e mais abaixo fica a senzala e o pelourinho. A casa-grande ficava sempre no alto de forma estratégica, pois assim o senhor podia observar a movimentação de seus empregados e escravos.
Memórias contidas no filme: lampião a querosene, carro de boi, cantoria dos escravos, o cotidiano da fazenda, os castigos físicos contra os escravos, o pelourinho.
Um dos pontos centrais do filme é um tema explorado até hoje: o amor entre o filho do fazendeiro e a filha do colono, isto é, o amor quase impossível entre classes sociais opostas.
“Jeca Tatu” – 1959 - È o filme mais polemico de Mazzaropi. Tentando rebater as duras criticas de Monteiro Lobato ao pequeno lavrador, seu personagem principal que devido ás circunstancias não investe em suas poucas terras e acaba perdendo tudo.Mas a amizade e a solidariedade do povo interiorano ajudam ele recuperar tudo novamente.  
Memórias: o linguajar “caipira” bem presente neste filme. Fogão a lenha, o rio e as lavadeiras de roupa, as brigas entre vizinhos por causa das cercas de arame farpado dividindo as propriedades, participação do cantor Agnaldo Rayol. Apoio da comunidade a um determinado político para receber terras em troca. Nessa época era comum entre as camadas mais pobres, os filhos pedirem a benção dos pais na hora de irem se deitar. Neste mesmo filme mostra outra realidade na cidade. Os jovens desfilam suas lambretas com suas namoradas ou amigas com penteados a base de laquê. Os motoristas são chamados de “chauffer”, mas apesar dessa elegância da elite, é comum a chacota com o “caipira”.
       “O Lamparina” – 1964 - O titulo é uma paródia ao filme de Lima Barreto “O Lampião” que retrata a vida do mais famoso cangaceiro, que fez a sua fama na época do coronelismo oligarca, filmado na fazenda Santa Fé, em Taubaté. Talvez seja o filme mais contraditório de Mazzaropi. Primeiro porque o cangaço só existiu no nordeste e segundo, que o cangaço ocorreu no fim do século XIX e inicio do século XX. Além disso a neblina da Serra da Mantiqueira não deixa duvidas do local de filmagem.
Memória: O rio Paraíba, ainda limpo e próprio para pesca. As pessoas mais pobres andavam descalças, sapato era usado para ir a missa. Os filhos respeitavam seus pais, mesmo depois de adultos. Os filhos precisavam do consentimento verbal dos pais para casar, mesmo sendo maiores. Uma época muito difícil onde o chuveiro era artigo de luxo, e a maioria das pessoas tomavam meio banho de bacia, isto é, lavavam os pés e as partes intimas.
      “Chofer de praça”- 1958 - O titulo em si já traz lembrança de um tempo nostálgico, pois hoje todos são motoristas, segundo nossa língua portuguesa. O filme relata as agruras do pai de família que tem que batalhar para ganhar seu sustento e de sua família dirigindo um taxi. Até nos dias atuais os profissionais do volante encontram todo tipo de passageiro em seu cotidiano.
             Pessoas que são simpáticas e dão boas gorjetas e pessoas exigentes, malcriadas e mal humoradas. Relata também a vergonha que muitos filhos têm dos pais devido à classe social, a falta de estudo e cultura.
Também abrange a oposição entre a cultura popular e a cultura erudita: o Teatro Municipal e os bailes familiares e comunitários.                                                             
Memória: Teatro Municipal, Lana Bentecourt, Agnaldo Rayol, Os taxis da época tinham seu taxímetro localizado do lado externo do veiculo e era mecânico. O Parque do Ibirapuera, as Modistas que costuravam em casa para as senhoras. As mulheres viúvas eram mal vistas pela comunidade, pois representavam um perigo para as mulheres casadas. Em uma época onde não havia rede social, televisão era artigo de luxo, e as pessoas não tinham quase opção de lazer, a grande onda era falar da vida alheia. E essas fofocas ás vezes terminavam em caso de policia, com muitos puxões de cabelo e sopapos.
  “As aventuras de Pedro Malasartes” - 1960, filme baseado na famosa história de Pedro Malasartes, personagem folclórico que usa a ganância humana para levar vantagem.
Apesar do trabalhar com uma lenda, muitos problemas que são abordados no filme são bem atuais. A criança abandonada, a justiça muito dura com os despossuídos e branda com os poderosos, o descaso da sociedade com os pobres. Mas por outro lado existem pessoas que ainda se preocupa com o seu próximo e mesmo de uma forma torta ajuda seu semelhante. Memórias e cotidiano: Fazenda, pescaria no rio Paraíba, carroça como meio de transporte, Bossa Nova, Lana Bitencourt, Os Farroupilhas, Claudio de Barros,
“Um caipira em Bariloche”- 1973 enfoca o fazendeiro que por pressão da família é obrigado a vender suas terras para um vigarista. Memória e cotidiano: A cantora Elza Soares, bastante jovem, cantando. Vista panorâmica do Rio de Janeiro. Primeiro filme que retrata o Carnaval carioca. Paulo Sérgio, cantor da Jovem Guarda, cantando em baile carnavalesco. Primeiro filme com filmagens fora do Brasil, na Argentina. Vista aérea da cidade São Paulo. Tiroteios no interior, como nos bang-bang a italiana.
Neste filme são colocadas algumas frases muito usuais naquela época: - Vá plantar batatas! – Não há tatu que aguente. – Véio fogueteiro!                                      

“Portugal, minha saudade”- 1973 - Cotidianos e memória: a briga secular entre marreteiros e fiscais da prefeitura. Mais uma vez Mazzaropi, corintiano fanático, coloca vários símbolos do seu time em vários locais do cenário. A utilização de papel de parede na casa toda como decoração. Vários objetos eletrônicos são percebidos em vários locais das casas. O drama de colocar os pais no asilo naquela época. Angela Maria, cantora popular cantando feliz ano-novo e a cidade de São Paulo iluminada para a festa de final de ano. Vários pontos históricos e religiosos são exibidos no filme, mas a cidade Fátima, em Portugal, é mostrado com mais detalhes.

“O noivo da girafa”- 1952. Comédia que tem como cenários principais o zoológico carioca e uma pensão. As pensões eram muito utilizadas nos anos 50 e 60. Uma época que também o leite era engarrafado em litros de vidro que hoje é colocado em embalagens descartáveis que colabora com o excesso de lixo produzido pela população. Nessa época também era comum o médico ir até a casa do paciente, hoje eles não querem ir nem aos ambulatórios. As brigas de bares também eram muito comuns, mas sem uso de armas e mortes.
“A banda das velhas virgens”- 1979, filmado em Ubatuba e Taubaté, revela um tempo em que trabalhar na coleta de materiais no lixo para reciclagem é mais lucrativo do que trabalhar na roça como empregado.
Apesar de ter sido produzido em 1979, além do problema do meio ambiente, a discriminação do deficiente físico é colocada em pauta. Além disso, o abuso de autoridade era comum em 1979, devido a ditadura militar. Em uma cena, o Delegado olha a mão de Mazzaropi para saber se ele era trabalhador, se tinha calos na mão. Mazzaropi faz o mesmo com o Delegado e vai preso por desacato a autoridade.
“Betão Ronca Ferro”- 1970, talvez o filme predileto de Mazzaropi, onde o cotidiano circense é o tema central da obra cinematográfica. Cotidiano e memória: Circo Quim Quim , os costumes conservador das pessoas ligadas ao circo. O uso da mini-saia, referencia a calça de tergal (senta e levanta...) o aeroporto de Congonhas, vista do Rio de Janeiro. A numeração das placas automotivas com vários números ( 1- 80 – 70 – 94 por exemplo) .                                                                                                     

“Jeca e seu filho preto”- 1978, filmado em São Luiz do Paraitinga, tendo como tema central o amor entre um negro e uma branca, ainda visto com certa reserva por parte da sociedade. A dependência do empregado da fazenda ao seu patrão.
O fim da escravidão, mas não o fim do preconceito e da discriminação. A influência da fofoca no cotidiano das pessoas. A crença em assombração pelo homem do campo. A dança cigana é retratada nesta película.
          “Sai de baixo”- 1956. Aborda as agruras de um camponês que ganha uma fortuna na loteria e a partir daí não tem mais sossego, devido o assédio de amigos, parentes e até inimigos. O jogo de loteria também é muito forte no cotidiano de milhares de brasileiro, assim como o jogo do bicho.
Memórias, cotidiano e arte popular: Time de várzea, os orfanatos (problema social crônico), Jogo de baralho denominado truco, Largo do Anhagabaú, rodoviária antiga de São Paulo, cantigas de roda, o imaginário popular sobre o céu.

“O corintiano”- 1966, nesse filme, Mazzaropi invade os bastidores do cotidiano da maior paixão dos brasileiros: o futebol. Ele encarna um barbeiro torcedor fanático pelo Corinthians. Tão fanático, que quando o cliente torce por seu time, não paga o corte de cabelo ou barba.
Ganha um burro na rifa que é outro costume verde-amarelo dos brasileiros: comprar e fazer rifas.
Não se pode concluir se o filme quis exaltar ou mostrar que o torcedor fanático é antes de tudo um impertinente.
Memória e cotidiano: Eliza – torcedora símbolo do Corinthians (anos 50 e 60). Concha acústica do Estádio Municipal do Pacaembu, substituído pelo “tobogã”. Nesta época o maior meio de comunicação era o rádio. Este filme mostra pela primeira vez, uma arte erudita que é o balet.O homem ainda não havia pisado na Lua e por isso no imaginário popular, as manchas lunares eram de São Jorge e por isso acreditavam que o santo guerreiro residia na Lua. Nessa época algumas pessoas achavam que estudar não era tão importante, se tivesse talento para ser jogador de futebol. Esse é o primeiro filme que Mazzaropi faz o papel de um suburbano.                                                           
    
 
“O jeca macumbeiro”- 1974, mostra a ingenuidade do camponês que confia cegamente no seu compadre e amigo e pede que ele tome conta de toda sua fortuna e depois é passado para trás.
Nessa época as pessoas tinham mais confiança nos amigos e parentes, mas a degradação do ser humano através dos tempos acabou com essa confiança. Nesse filme, o cotidiano visto é as fofocas das comadres, condução das boiadas pelos vaqueiros, as lavadeiras que lavavam a roupa nas margens do rio, as viaturas policiais que nessa época eram da cor vermelha e preta. Também no filme vemos a “sessões” em que os “espíritos” comunicavam com os vivos.
“Uma pistola para Djeca”- 1969, um filme que aproveitando o sucesso do faroeste italiano conta um fato muito comum no passado, ás mulheres serem seduzidas ou violentadas por homens com algum poder e ficar caladas por medo de escândalo ou represálias. È um filme que aborda o coronelismo, onde fazendeiros aterrorizavam as pessoas mais humildes com apoio das autoridades locais. Também é questionado o preconceito da época contra as crianças que não era reconhecida pelo pai. Nessa época era comum nos locais mais pobres a criança ir para a escola de pé no chão. Muitos casamentos eram “arranjados” por motivos financeiros, religioso ou devido a mulher estar grávida.
“Tristeza do Jeca”- 1961, gira em torno da disputa política entre dois lideres locais  de uma pequena cidade do interior. É usado todo tipo de artimanha para arrebatar os votos dos eleitores: compra de votos, sequestro, chantagem com os funcionários da fazenda de um dos candidatos, promessa de casamento para a filha do líder camponês (Mazzaropi) com um rapaz do Rio de Janeiro, festas com comício político. O cotidiano e memória desse filme são mais uma vez a vida tranquila e pacata do interior, mas que se agita com a eleição municipal. Os rodeios a moda antiga, a reza da ave-maria que era sempre realizada ás dezoito horas, o cotidiano da lavoura com as carroças, boiadeiros, o sapato de salto alto que é algo estranho para as moças do interior. No filme aparece Agnaldo Rayol bem jovem interpretando uma canção.
Mais uma vez a sabedoria política do povo que tira proveito na hora de votar porque sabe que depois de eleito, o político nada mais fará. E por fim a solidariedade do povo na hora do aperto é mais uma vez explicitado.
“O gato da madame”- 1956, é o cotidiano de um suburbano que desempregado faz vários pequenos trabalhos para sobreviver, e  é ajudado por sua esposa, que lava roupa e passa para as pessoas que tem mais posses.
 A história gira em torno de um gato que fugiu de uma mansão, cuja dona é muito rica. Ela coloca anúncios pagando cem mil cruzeiros a quem devolver o bichano.
As memórias e cotidiano mostra o jogo do bafo que era muito praticado até os anos setenta entre a meninada. Consistia em bater no verso das figurinhas com a palma da mão e a quantidade que virasse ficaria para quem bateu. Talvez seja o único filme do Ámacio que mostra uma feira livre. Um dos pontos interessantes é as cenas no Museu do Ipiranga, onde ao personagens da História da Independência feitos de cera, ganham vida. Também tem o famoso concurso de miss, que era bastante comum nas empresas, clubes ou cidades. Mais uma vez Mazzaropi satiriza as sessões espíritas e evidencia em seu filme que o crime não compensa.
“O Fuzileiro do amor”- 1956 - outra profissão humilde é interpretado por Amácio Mazzaropi, a de sapateiro, mas para conquistar o direito de namorar com sua amada, entra para o quartel. Uma visão humorada do cotidiano militar.
Esse filme também mostra o cotidiano do hospital psiquiátrico.
Memória: cantores – Ângela Maria, Os cangaceiros e Margot Muriel. Banda Marcial dos Fuzileiros.
“O Puritano da Rua Augusta”- 1965 - Memória: Praça Patriarca, Avenida São João, Rua Libero Badaró, Avenida Nove de Julho e seu túnel, Rua Augusta, Parque do Ibirapuera, o carro Galaxy que foi um sucesso nos anos sessenta, a cantora Elza Soares, ainda bem jovem, The Jordans do movimento da Jovem Guarda.
Esse filme enfoca um rico empresário que não aceita a modernidade dos anos sessenta: o biquíni de duas peças e o maiô, o twist, a mulher independente, as pessoas sem uma religião. Mas com todo o conservadorismo, nessa época, era comum o desrespeito contra o negro. 
“Nadando em dinheiro”- 1952 - Memória: Estádio Municipal do Pacaembu, Avenida Paulista. Continuação do Filme “Sai da frente”. Uma sátira a vida dos milionários que tem em seu circulo de amizades, pessoas falsas e interesseiras. Mostra também a transformação das pessoas ante o poder do dinheiro. Mas tudo não passa de um pesadelo.                       
“O Jeca e a égua milagrosa” – 1980 - Em uma cidade perdida no mapa, dois coronéis pretendem ser eleitos prefeitos. Seu Afonso é o lado bom da trama, um religioso correto, de intenções puras, de uma religiosidade opaca e solene que nem se parece humano, de tão ideal. Seu Libório é o outro lado, um charlatão, um mistificador, um vilão que quer ganhar as eleições a todo custo, e usa seus capangas, a força das armas e a beleza da própria filha para conseguir seu intento.
O bem e o mal disputam as urnas e a cabeça dos eleitores.
             “Meu Japão brasileiro”- 1964, - O domínio de um atravessador que é o único comprador da produção agropecuário de uma comunidade distante por um preço reduzido, causando prejuízo aos agricultores. Isso obriga os produtores criarem uma cooperativa que vai contra os interesses do “atravessador”. Apesar da violência do fazendeiro, as mercadorias são levadas para a cidade grande, onde são comercializadas. No filme também é mostrado o preconceito contra os imigrantes japoneses, considerados intrusos. É mostrada uma pequena parte da cultura nipônica.
            “A Banda das velhas virgens” – 1979, - Mazzaropi comanda uma banda compostas só de senhoras solteironas... e virgens. Mas esse não é o principal tema do filme. O filme gira em torno do amor entre um deficiente físico pela filha de um fazendeiro abastado. Pressionado pelo fazendeiro e com necessidades financeiras para tentar a cura do seu filho que está em cadeira de rodas, Mazzaropi vai para a cidade trabalhar no reciclo de lixo, onde se mete em várias confusões. Esse filme tem como ponto principal o combate ao preconceito contra a deficiência física, a diferença social e a busca de uma vida melhor na cidade devido ao trabalho semiescravo na roça.


                                 A contribuição de sua obra

“A primeira medida que se impõe para examinar em quais condições utilizarmos o cinema como pesquisa histórica, é precisamente a que se refere ás questões às quais ele pode responder. Em outros termos, quais são os objetivos que os historiadores podem se fixar em função das possibilidades que dissimula esse tipo de fonte? O que testemunha o filme?”                                                                                                       
“Que elo existe entre a representação fílmica e a memória ou a mentalidades coletivas? O cinema pode servir para desenvolver uma história critica? Muitas questões diferentes para as quais as respostas atualmente são muito diversas.”(NÓVOA, 2009,pg 101)                                                                                 
            Os filmes de Mazzaropi, além de conter cotidiano, memória e cultura popular, também representa a realidade social de uma época onde o Brasil passava por uma profunda transformação. Segundo Soleni, os anos 50 no período de JK foram fundamentais para o processo de industrialização e urbanização (Soleni, 2011, pg.182).
Apesar de parte de seus filmes serem classificados como chanchadas, seus filmes retrata a vida dura do camponês, que fugindo da dura realidade da lavoura, vai para a cidade em busca de uma vida melhor. Na cidade grande, além de ser explorado por um salário miserável, perde a dignidade ao residir em cortiços ( nessa época São Paulo não tinha favelas), poucos conseguem trabalho, e sem dinheiro ou parentes na cidade, sofrem bastante. As camponesas sem profissão, ou trabalham de domésticas ou se prostituem para sobreviver. Não esqueçamos que a maioria das pessoas que vinham do meio rural eram analfabetos e não eram profissionalizados e por isso não podiam ser totalmente aproveitados pela industria.
Sempre com boa dose de humor, Mazzaropi não perdoa os políticos da época, que em tempo de eleição se misturava com o povo, beijava criancinhas, abraçava os operários e camponeses. Foi bastante irônico com os tribunais que nesse tempo sempre pendiam a favor dos que tinham mais poder aquisitivo. Em várias películas, unia o povo contra o opressor, sempre o bem vencia o mal. Mostrou os verdadeiros valores morais, religiosos e éticos para seu publico, como: a riqueza nem sempre traz a verdadeira felicidade, que o preconceito racial é uma ignorância e que não leva a lugar algum, a família, o trabalho, a honestidade, a religião. Além dos valores pessoais, ele valoriza nossa cultura popular sempre apresentando em seus filmes artistas nacionais, temas brasileiros, festividades, tradições, valorizando assim, nosso patrimônio histórico.
Suas produções fotografam os principais pontos arquitetônicos do Rio de Janeiro e São Paulo. Obras, como a antiga rodoviária de São Paulo, ficaram imortalizado em seu filme “Sai de baixo”, já que foi demolida recentemente.
          Conforme Gadelha [s.d.] apesar de ser desprezado pela critica, considerado amador pelos cinegrafistas contemporâneo, e ultrapassado pelo publico moderno, Mazzaropi lotou os cinemas, cativou uma massa imensa em uma época onde não existia DVD, internet, e poucos tinham poder aquisitivo para possuir uma televisão. Suas obras tem muito que dizer para aqueles que trabalham com história cultural, através de seus filmes, devido ao cotidiano, a memória, a cultura popular contido em suas obras.
                         
                             Conclusão

Ao ter como objetivo produzir filmes direcionados ao público mais humilde, Mazzaropi que também era um representante dessa camada, apostou colocar em seus filmes os costumes, cultura e memória popular.
Arrastou verdadeiras multidões ao cinema para que esse público pudesse se divertir vendo seus sonhos, esperanças, sofrimento, alegria, e seu cotidiano retratado na tela do cinema. Não podemos esquecer que desde a chegada da televisão no Brasil até o inicio dos anos 70, só a classe média possuía televisão. Era mais barato ir ao circo ou ao cinema do que pagar o financiamento de um aparelho de tevê.
Com a pesquisa minuciosa de seus filmes, espero ter atingido um dos objetivos que seus filmes, sempre que possível, abordava com muita propriedade: a cultura popular.
O outro objetivo desse artigo era demonstrar que apesar da grande transformação que o Brasil passou durante os anos 50,60,70 e 80, saindo de uma economia quase que totalmente rural para um país industrial, a população não abriu mão de seus valores culturais. Ainda hoje ouvimos musicas sertanejas, o circo ainda tem publico, as festas como a junina permanecem, o futebol e os rodeios estão forte como nunca, as filas nas casas lotéricas continua, a religiosidade ainda é forte, enfim, a cultura e os costumes populares resistem a modernidade.




                                                                                                                           REFERÊNCIAS
CERTEAU, Michel De. A invenção do cotidiano – Artes de fazer. Editora Vozes - 1990
NÓVOA, Jorge. FRESSATO, Soleni Biscouto. FEIGELSON, Kristian. Cinematógrafo – Um Olhar sobre a história. Editora Unesp – São Paulo – 2009
FRESSATO, Soleni Biscouto. Caipira sim, trouxa não – EDUFBA – Salvador – 2011
BLOCH, Marc. Apologia da História – JORGE ZAHAR EDITOR - 1997
BURKE, Peter. O que é história cultural – Jorge Zahar Editor – Rio de Janeiro – 2005
FILMOGRAFIA
SAI da frente. Produção de Abílio Pereira de Almeida. São Paulo: Companhia Vera Cruz, 1952. DVD 80 minutos. Preto e branco. Português.
NADANDO em dinheiro. Produção de Abílio Pereira de Almeida. São Paulo: Companhia Vera Cruz, 1952. DVD 90 minutos. Preto e branco. Português.
CANDINHO.Produção de Abílio Pereira de Almeida. São Paulo: Companhia Vera Cruz, 1953. DVD 95 minutos. Preto e branco. Português.
A CARROCINHA. Produção de Agostinho Martins Pereira. São Paulo: P.J.P.,1955.DVD. Preto e Branco. Português.
O GATO da madame. Produção de Agostinho Martins Pereira. São Paulo: Cinematográfica Brasil Filme Ltda.1956.DVD 90 minutos. Preto e Branco. Português.
FUZILEIRO do amor. Produção de Eurides Ramos. São Paulo/ Rio de Janeiro: Cinêlandia Filmes. 1956.DVD 100 minutos. Preto e branco. Português.
O NOIVO da girafa. Produção de Osvaldo Massaini. São Paulo/Rio de Janeiro: Cinedistri/Cinelandia filmes. 1952. DVD 92 minutos. Preto e Branco. Português.
CHICO Fumaça. Produção de Oswaldo Masaini. São Paulo/Rio de Janeiro: Cinedistri/Cinelandia Filmes. 1958. DVD 96 minutos. Preto e branco. Português.
CHOFER de praça. Produção de Amácio Mazzaropi. São Paulo: PAM Filmes  (Taubaté-SP)1958. DVD 97 minutos. Preto e branco. Português.
JECA Tatu. Produção de Amácio Mazzaropi. São Paulo: PAM Filmes  (Taubaté-SP)1959. DVD 95 minutos. Preto e branco. Português.
AS AVENTURAS de Pedro Malasartes. Produção de Amácio Mazzaropi. São Paulo: PAM Filmes  (Taubaté-SP)1960. DVD 95 minutos. Preto e branco. Português.                                                                                                                                                    
ZÉ do Periquito. Produção de Amácio Mazzaropi. São Paulo: PAM Filmes  (Taubaté-SP)1960. DVD 100 minutos. Preto e branco. Português.
TRISTEZA do Jeca. Produção de Amácio Mazzaropi. São Paulo: PAM Filmes  (Taubaté-SP)1961. DVD 95 minutos. Preto e branco. Português.
CASINHA Pequenina. Produção de Amácio Mazzaropi. São Paulo: PAM Filmes  (Taubaté-SP)1963. DVD 95 minutos. Preto e branco. Português.
O LAMPARINA. Produção de Amácio Mazzaropi. São Paulo: PAM Filmes  (Taubaté-SP)1964. DVD 104 minutos. Preto e branco. Português.
MEU Japão brasileiro. Produção de Amácio Mazzaropi. São Paulo: PAM Filmes  (Taubaté-SP)1964. DVD 102 minutos. Preto e branco. Português.
O PURITANO da rua Augusta. Produção de Amácio Mazzaropi. São Paulo: PAM Filmes  (Taubaté-SP)1965. DVD 102 minutos. Preto e branco. Português.
O CORINTIANO. Produção de Amácio Mazzaropi. São Paulo: PAM Filmes  (Taubaté-SP)1966. DVD 98 minutos. Preto e branco. Português.
UMA PISTOLA para Djeca. Produção de Amácio Mazzaropi. São Paulo: PAM Filmes  (Taubaté-SP)1969. DVD 90 minutos. Preto e branco. Português.
BETÃO Ronca Ferro. Produção de Amácio Mazzaropi. São Paulo: PAM Filmes  (Taubaté-SP)1970. DVD 100 minutos. Colorido. Português.
UM CAIPIRA em Bariloche. Produção de Amácio Mazzaropi. São Paulo: PAM Filmes  (Taubaté-SP)1973. DVD 100 minutos. Colorido. Português.
PORTUGAL...Minha saudade. Produção de Amácio Mazzaropi. São Paulo: PAM Filmes  (Taubaté-SP)1973. DVD 100 minutos. Colorido. Português.
O JECA Macumbeiro. Produção de Amácio Mazzaropi. São Paulo: PAM Filmes  (Taubaté-SP)1974. DVD 87 minutos. Colorido. Português.                                         
SAI de baixo. Produção de Amácio Mazzaropi. São Paulo: PAM Filmes  (Taubaté-SP) 1956. DVD 100 minutos. Colorido. Português
JECA e seu filho Preto. Produção de Amácio Mazzaropi. São Paulo: PAM Filmes  (Taubaté-SP)1978. DVD 104 minutos. Colorido. Português.                                     
A BANDA das velhas virgens. Produção de Amácio Mazzaropi. São Paulo: PAM Filmes  (Taubaté-SP)1979. DVD 100 minutos. Colorido. Português.                       
O JECA e a égua milagrosa. Produção de Amácio Mazzaropi. São Paulo: PAM Filmes  (Taubaté-SP)1980. DVD 102 minutos. Colorido. Português.
SITES CONSULTADOS:
FICHA técnica dos filmes. Disponivel em : http://www.museumazzaropi.com.br/hist.htm/acesso em 15/06/2012.
BIOGRAFIA de Mazzaropi. Disponivel em: http://www.overmundo.com.br/overblog/amacio-mazzaropi-a-historia/ acesso em 23/04/2012. 
                                                                      
BRAGA, Ana Livia – O Cinema como fonte de compreensão da realidade – Disponivel em: http://www.oolhodahistoria.ufba.br/artigos/cinemarealidade.pdf - acesso em 05/06/2012





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