sábado, 8 de setembro de 2012

Os Judeus em São Paulo, um mosaico de nacionalidades


7º CURSO DE HISTÓRIA DE SÃO PAULO – AULA 1

Tema – Os Judeus em São Paulo, um mosaico de nacionalidades

Docente – Maria Luiza Tucci Carneiro


Esta palestra sobre a imigração judaica foi aberta pelo Dr. Rui Martins – Diretor do Ciee, já que o Presidente Dr. Luiz Gonzaga Bertelli se encontrava enfermo e em recuperação.
O Dr. Rui Martins narrou resumidamente o inicio do Ciee que como não podia deixar de ser, iniciou em São Paulo sob a iniciativa de alguns empresários e hoje se encontra em todo o Brasil. Formado há 46 anos o CIEE já encaminhou para estagio oito milhões de estudantes.
A Dra Maria Luiza iniciou a palestra falando da imigração judaica na época colonial , quando aqui chegaram os primeiros imigrantes travestidos de cristão novos para escapar da Inquisição.
Já a segunda imigração ocorreu com a vinda da Família Real ao Brasil. A vinda da Família Real ao Brasil, em 1808, em decorrência da iminente invasão do exército de Napoleão Bonaparte, marca o início de um período frutífero para a vida judaica. A Abertura dos Portos e o Tratado de Amizade e Paz entre Portugal e a Inglaterra, de 1810, que permitia o estabelecimento de não-católicos no Brasil, propiciaram o ambiente favorável para a vinda dos primeiros imigrantes judeus com destino ao Rio de Janeiro. Teve início no século XIX a imigração de judeus marroquinos que se acentua como processo imigratório a partir de meados do mesmo século com o desenvolvimento da indústria extrativa na região da Amazônia. As revoltas em diferentes países europeus, por volta de 1848, com restrições às liberdades pessoais, impulsionaram muitos judeus em direção aos países do Novo Mundo, em busca de refúgio e oportunidades.
Segundo Maria Luiza, os judeus que imigraram para o Brasil têm duas origens.
Os judeus que vieram da Europa Oriental, de países como a Polônia e a Rússia, são chamados de judeus asquenazis. Falavam a língua ídiche. Uma parte vivia em pequenas aldeias, chamadas de "shtetlach". Outros já viviam em cidades maiores e gozavam de melhores condições de vida.
Os judeus que vieram de paises como Egito, Síria e Líbano e, também, Turquia são chamados de sefaradis. Esse grupo era formado pelos judeus que já viviam nos países do Oriente há muitos séculos, e também pelos judeus oriundos da Espanha e de Portugal que, no final do século XV, encontraram acolhida nos países e regiões de maioria islâmica do Império Otomano.
Essas comunidades, muito diferentes entre si, seja pela língua e pela cultura, como também pelo passado histórico diverso, organizaram-se em grupos com identidades próprias.
Criaram sinagogas, clubes e grupos de acolhimento aos imigrantes de suas regiões.
As comunidades judaicas, constituídas pelos imigrantes que vieram da Europa Oriental e Central, bem como pelos vindos dos países do Oriente Médio e do Norte da África começou a se estruturar em São Paulo no início do século XX
Muitos se estabeleceram, ainda no final do século XIX, em cidades do interior de São Paulo como Franca, Campinas e Piracicaba e mais tarde muitas famílias foram para São Paulo, onde participaram da criação de várias instituições da comunidade judaica.
Nas primeiras décadas do século XX, boa parte dos judeus asquenazis se estabeleceram no bairro do Bom Retiro, enquanto muitos sefaradis moravam e trabalhavam nos bairros da Mooca e do Brás. No início da década de 1930 havia em São Paulo entre 15 a 20 mil judeus.
Estima-se que este número é atualmente de 60 mil somente no Estado de São Paulo e cerca de 100 mil em todo o Brasil. Em São Paulo houve dois tipos de imigrantes Judeus; os que fugiram da perseguição (perseguidos pela Igreja e pelos Nazistas) e os que vieram por livre e espontânea vontade.
Conclusão
È de vital importância aos historiadores conhecerem as histórias dos povos em geral.
Principalmente quando ele faz parte da formação do seu país. Os Judeus colaboraram para a industrialização (confecções) e formação de comércios.
A Perseguição dos Judeus vem de longa data, mas é inadmissível que em pleno século XXI algumas pessoas ainda alimente ódio por motivos étnicos, religiosos ou raça.


Resumo Curricular de Maria Luiza Tucci  Carneiro

Natural de Santa Adélia (SP). Historiadora, graduada em História pela Universidade de São Paulo, instituição onde também desenvolveu seus estudos de pós-graduação em História Social. Tanto no Mestrado como no Doutorado tem o racismo como objeto de estudo, ambos publicados no formato livro. Em 2001 apresentou à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, sua Tese de Livre Docência intitulada Cidadão do Mundo. O Brasil diante da questão dos refugiados judeus, 1933-1948 , trabalho em fase de edição para publicação. Desde 1972 atua como professora universitária e, após 1984, através de concurso público, ingressou como docente do Departamento de História da USP onde desenvolve seus projetos de pesquisa. Atualmente é professora em RDIDP, do Departamento de História da Universidade de São Paulo. Tucci Carneiro desenvolve pesquisas sobre a questão dos direitos humanos, intolerância, anti-semitismo, etnicidade, escravidão, censura , nazismo e imigração judaica para o Brasil. Coordenadora dos Laboratórios de Pesquisa/USP: PROIN- Projeto Integrado Arquivo Público do Estado/Universidade de São Paulo, núcleo responsável pelo inventário dos documentos do DEOPS/SP e pelas Oficinas de História , espaço de treinamento para historiadores; LEER- Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação, ambos sediados no Departamento de História da FFLCH/USP. Projetos de pesquisa em andamento, junto aos módulos História Política; Etnicidade e Racismo: Tucci Carneiro é autora dos livros: - Preconceito Racial em Portugal e Brasil Colônia. Os Cristãos-novos e o Mito da Pureza de Sangue, 3ed., São Paulo, Perspectiva, 2005. - Judeus e Judaísmo na obra de Lasar Segall, em co-autoria com Celso Lafer (Ateliê Editorial, 2004). - A Imprensa Confiscada pelo DEOPS, 1924-1983, em co-autoria com Boris Kossoy (Ateliê Editorial; Imprensa Oficial e Arquivo do Estado, 2003).Prêmio Jabuti 2004, categoria Ciências Humanas. - O anti-semitismo na Era Vargas: fantasmas de uma geração 1930-1945. 3ª ed. (Perspectiva, 2002). - O Veneno da Serpente. Reflexões sobre o Anti-semitismo no Brasil. São Paulo, Editora Perspectiva, 2003. - Holocausto, Crime contra a Humanidade (Atica, 2000). - O Racismo na História do Brasil: Mito e Realidade. 8ª ed. (Ática, 1998) - O Olhar Europeu: O Negro na Fotografia Brasileira do Séc. XIX, em co-autoria com Boris Kossoy. 2ª ed. (Edusp, 1995). Premio Jabuti/95. -Brasil, Refúgio nos Trópicos. A Trajetória dos Refugiados do Nazi-fascismo. (Estação Liberdade/Instituto Goethe, 1996). Livro catálogo da exposição sob o mesmo título. -Livros Proibidos, Idéias Malditas. O Deops e as Minorias Silenciadas. 2ª ed. ampliada (Ateliê Editorial, 2002). Organizadora das coletâneas: Hiroshima. Testemunhos e Diálogos (MAC/USP, Imprensa Oficial, FFLCH/USP); O Anti-semitismo nas Américas. História e Memória (prelo Edusp); Ensaios sobre a Intolerância. Inquisição, Marranismo e Anti-semitismo, em co-autoria com Lina Gorenstein (Humanitas;Fapesp, 2003); Minorias Silenciadas. História da Censura no Brasil, 2ed. (Edusp; Fapesp, 2003); Ensaios sobre Mentalidades, Heresia e Arte, em co-autoria A.Novinsky (EDUSP, 1994). Coordenadora das séries de publicações:- Imigrantes no Brasil (Série Lazuli & Editora Nacional); Rupturas (Série Lazuli & Editora Nacional); Histórias da Repressão e da Resistência (Imprensa Oficial; Editora Humanitas); Labirintos da Memória (Ateliê Editorial); Brasil Judaico (Ateliê Editorial); Inventário DEOPS (Editora Humanitas, FFLCH/USP).
                                                     Doutora Maria LuizaTucci Carneiro  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Minha lista de blogs