sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Resenha do livro - A vida quotidiana na Roma Antiga – Pedro Paulo Funari


Sobre o autor: DR PEDRO PAULO ABREU FUNARI
Bacharel em História (USP – 1981)
Mestre em Antropologia Social USP (1985)
Doutor em Arqueologia (USP – 1990)
Livre-docente em História da UNICAMP
Professor Titular (Unicamp 2004)
Pesquisador do CNPq.
Publicou mais de 90 livros no Brasil e exterior.Publicou mais de 380 artigos em mais de 130 revistas cientificas.Foi Professor da Unesp e da Universidade Estadual de Campinas.

A vida quotidiana na Roma Antiga.

Apresentação
Em sua apresentação, João Batista Toledo Prado (doutor em Letras) aborda a questão dos brasileiros não valorizarem os livros  e os trabalhos científicos, que enfocam as pesquisas arqueológicas recentes e suas descobertas.Mas ele apresenta este livro como alternativa para ocupar parte deste espaço na literatura sobre a vida quotidiana do povo romano.
Responde também qual seria a importância de estudarmos os costumes romanos em pleno século XXI.
Parece que o objetivo principal deste livro é demonstrar que os povos romanos tinham costumes muito parecido com o nosso e ás vezes muito diferente.
Além de satisfazer nossa curiosidade quanto ao passado dos romanos, nos torna mais tolerante com as diferenças de nossos semelhantes.

Introdução

O autor se utiliza à cidade romana de Pompéia (cidade soterrada por pedras-pomes e lavas vulcânicas em 74 D.C.) para contestar a teoria que a plebe romana era analfabeta, grosseira e rústica. Mas que grafites encontradas em Pompéia prova que além de instrução, parte do povo romano sabia ler, escrever e até fazer poesia.

1.O povo e sua cultura

Funari inicia este capitulo indagando sobre cultura.Do ponto de vista do autor, cultura é tudo que resulta do trabalho e da elaboração humana.
Já o termo cultura erudita designa as formulações ideológicas e as manifestações artísticas elitista.Não há cultura erudita nas massas.”A ideologia de uma classe dominante é de escasso uso, a menos que seja aceita pelos que estão sendo governados”. (1985:167 – Moses Finley).Isso se justifica devido a diferença cultural da elite e do povo mais humilde. Mas esse fato não desmerece a cultura popular, pois a cultura  do povo está ligada a suas raízes e a terra natal e é através desta cultura que podemos estudar e entender o passado.
Por outro lado, o autor explica que a cultura erudita diminui a cada dia atualmente, devido os produtores de culturas investir aonde a cultura é mais aceita, isto é, nas camadas mais populares.
Funari explica que a elite romana vivia no ócio.”Faz tempo que considero que os mortais vivem como se fossem sombras"( Medeia, 185).Já a Plebe romana vivia uma vida mais intensa, pois iam ao teatro, assistiam lutas de gladiadores, freqüentavam bares e prostíbulos, participavam de cultos a Baco, Isis e Vênus.Só que tudo isso não se têm provas materiais, pois elas foram destruídas pelo tempo.
As provas são somente grafites em paredes de lupanares, bares, etc. Estas inscrições mostra que o romano comum parecia com o homem do povo de hoje. Amavam, disputavam seus amores, eram engraçados e românticos.

2.A cidade romana

O autor disserta sobre Roma, afirmando que devido a imensidão do Império e de sua localização em continentes diversos, sua cultura deveria ser muito variada.Mas ele escolhe Pompéia para analisar o quotidiano romano.Esta cidade é escolhida devido a conservação das grafites pelo soterramento.Além do mais, Pompéia era uma cidade média (em torno de 10.000 habitantes). Antes da tragédia, Pompéia tinha um grande número de libertos, muitos bares e prostíbulos.Tudo isso fazia parte somente das cidades mais tradicionais de Roma.A cidade era muito importante para o Romano.Povo que não tinha cidade era considerado bárbaro.

3.Pompéia – A cidade romana preservada.

Pompéia está localizada na Campânia, perto de Nápoles, na Itália.
Em toda a sua história teve influencia grega, etrusca, samnita e romana.
Pompéia desde IV A.C se alia a Roma e se mantém fiel até 90 A.C., quando se revolta mas é derrotada.
Em 80 a.c., soldados veteranos (5000) são instalados em Pompéia como fazendeiros.
Em 59 d.c. houve uma briga entre torcedores de gladiadores de Pompéia e Nucéria, provocando muitas mortes e feridos. O Senado de Roma proibiu por 10 anos jogos de gladiadores e as torcidas uniformizadas foram dissolvidas.
Nos anos 70 DC. Pompéia era uma cidadezinha enriquecida. Possuía agricultura desenvolvida.Trigo, azeite e vinhos, criação de gado e floricultura. Fabricavam cerâmicas, construção civil, tinturaria, lavanderia, têxteis, conservas de peixes e panificadoras.
Nos seus últimos dias, Pompéia tinha uma elite ociosa e uma plebe dinâmica que usavam “estiletes” para deixar seus “recados” nas paredes.
Os romanos se preocupavam com eleições e propagandas.
Mas o autor lembra que nem todo romano tinha direito de votar, e as “pixações” nos muros era muito mais para os candidatos se glorificarem perante o público.
As propagandas queriam revelar muito mais, um nome, uma arte, uma demonstração de poder ou riqueza, etc.
Por ironia do destino Pompéia foi soterrada pelo Vesúvio, vulcão que no passado formou o solo fértil da cidade.
Em 24 de Agosto de 79 DC., após uma chuva de pedra-pomes e de cinzas, a cidade é sepultada.Logo em seguida, as cidades de Herculano e Estábia tem o mesmo destino.
Vemos o relato detalhado em Cartas de Plinius Caecilius Secundus.(http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/PlinioJo.html)
Em 1763 Pompéia é redescoberta e desenterrada em 1860.

4.O quotidiano Romano nas paredes

Os romanos escreviam nas paredes e Pompéia é a prova matérial desse fato.
Embora contendo muitos erros de grafia e escrito em latim vulgar, eles conseguiram se comunicar e fazer se entender.
Funari cita inúmeras grafites contendo erros, mas legível, indagando como conseguiam saber escrever, já que não haviam escolas publicas para o povo.
Também faz um levantamento das profissões e categorias sociais atestadas em grafites, como: agricultores, artesãos, comerciários, criadores, domésticos, escravos, feirantes.
Enquanto a aristocracia apreciava as artes eruditas, como: Pinturas de cenas do Egito, batalhas, etc.O povo, devido a pobreza preferia poesias em latim falado, isto é, um latim mais pobre e desenhos na parede representando lutas entre gladiadores..

5.O quotidiano dos romanos instruídos   e comuns

Funari tenta mostrar a diferença entre o erudito e o popular em Roma. Afirma que Virgilio era o poeta erudito mais popular, isto é era o que mais ocupava as paredes de Pompéia. Em seguida viriam Catulo, Enio, Horácio, Leônidas de Tarento, Lucrécio, Marcial, Ovídio, Propércio.
A maioria dos versos nas paredes eram anônimos ou adaptados dos poetas citados.
As poesias dos anônimos eram inteligentes, apaixonadas, criativas e bastantes diversificadas.


6.Conclusão

Os romanos viviam um dia a dia que pouco conhecemos.Eram apaixonados, tinham sentimentos e valores como nós.A quem interessa que aceitemos que hajam dominadores e dominados? Após a leitura que cada um tire sua própria conclusão.


7.Criticas e comentários

Esperava mais deste livro devido ao titulo, “A vida quotidiana na Roma Antiga”.
O titulo mais apropriado seria: “As grafites de Pompéia”.
Pouco é revelado por este livro do quotidiano dos Romanos, pois as grafites não revelam muita coisa da ideologia e dos conflitos internos desse povo. Gostavam do Imperialismo de Roma? Ou preferiam a paz? Se eram humanos porque cultuavam a barbárie das lutas até a morte nas arenas? Se eram apaixonados porque viviam nos prostíbulos? E os escravos? Aceitavam como normal pertencerem a alguém e ser até usado sexualmente pelo seu amo? E a elite? Como se sentiam vendo o povo viver na miséria enquanto eles viviam o tempo todo no ócio? Até parece o nosso Congresso! Mas no geral o livro é bom e interessante para estudantes e curiosos.

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